(2020 by BMG)
RODRIGO LEÃO FALA SOBRE “O MÉTODO” Comecei a procurar ideias para este novo trabalho em meados de 2017, no meio de uma tour europeia com o Scott Matthew, depois do lançamento do CD Life is Long. Como é habitual no meu processo criativo, os primeiros passos são sempre muito intuitivos e sem nenhum método! Algumas […]
Ideia 1
A Bailarina
O Método
The Boy Inside
Transporte
Red Poem
O Cigarro
O Convite
Loutolim
Dresden
Lula Mistério
Parte 1
RODRIGO LEÃO FALA SOBRE “O MÉTODO”
Comecei a procurar ideias para este novo trabalho em meados de 2017, no meio de uma tour europeia com o Scott Matthew, depois do lançamento do CD Life is Long.
Como é habitual no meu processo criativo, os primeiros passos são sempre muito intuitivos e sem nenhum método! Algumas ideias surgiram em quartos de hotel. Em Novembro de 2017 gravámos as primeiras ideias no nosso estúdio caseiro, mas ficámos com dúvidas.
A verdade é que, depois de três trabalhos muito diferentes entre si – A Vida Secreta das Máquinas, O Retiro e Life Is Long – a minha necessidade de procurar novos caminhos aumentava, a par das influências de compositores como Nils Frahm, Ólafur Arnalds ou Max Richter.
Foi neste contexto que convidámos o músico e produtor italiano Federico Albanese para se juntar a nós. Tanto eu como o Pedro Oliveira e o João Eleutério percebemos que fazia sentido neste trabalho termos um ouvido de fora, e o meu amigo e manager António Cunha já tinha sugerido que experimentássemos trabalhar com um elemento novo.
Este momento coincidiu com outro não menos importante: o convite para compor música para uma exposição na Fundação Calouste Gulbenkian, “Cérebro – Mais Vasto Que o Céu”. Nesse trabalho, co-produzido pelo João Eleutério e pelo Luís Fernandes, aprendemos muito sobre sonoridades ambientais electrónicas, que viriam a ser muito úteis neste novo disco.
As primeiras sessões de trabalho não foram fáceis, mas rapidamente chegámos a um método de trabalho que nos permitiu aproximar-nos das ideias que procurávamos. O Federico foi muito importante neste processo, propondo arranjos e instrumentações diferentes. Com a sua ajuda, as minhas ideias começavam a fazer sentido e todo o ambiente mais minimalista, etéreo que pretendia estava agora mais visível.
O Método acabou por ser o disco onde toquei mais piano acústico, o que veio mudar muito o som geral, para além de haver menos uso das cordas. E recorremos também a um coro juvenil com cerca de 20 vozes, que era uma das minhas ideias desde cedo.
É um disco mais contido, mais simples, mais depurado. Um pouco mais espiritual também… A própria música, mais ambiental, afasta-nos da nossa realidade. Assumi também um lado ingénuo que já sentia em alguns dos trabalhos anteriores.
Nos temas cantados, a minha intenção era inventar palavras, para não ter de usar nenhuma língua específica e tornar as canções mais abstractas. Existe um tema em inglês, “The Boy Inside”, cantado pelo Casper Clausen dos Efterklang; um cantor sugerido pelo Federico, mas que eu já conhecia e de que gostava muito. Outro tema, “O Cigarro”, é cantado em russo pela violinista Viviena Tupikova, que também escreveu a letra e toca há muito comigo. A cantora Ângela Silva, com quem trabalho há muito, também foi muito importante, quer pela sugestão de arranjos vocais, quer pela maneira pouco habitual de cantar com palavras que não existem.